domingo, 23 de janeiro de 2011

Cíclicas

Procurei-me entre as palavras. As palavras que não eram minhas. Mas leio todas, uma por uma, a fim de achar alguma que me sirva, alguma que me ajude; como se pudessem agir por mim.
Aquela letra não era minha, não era sua. Aquelas palavras que nos definiam não saíram de nosso discurso. Como podem então, oriundas do texto alheio, explicar-nos tanto sobre nós mesmos, expor-nos exatamente o que sentimos, brincar de adivinhação com nossos pensamentos - os mais secretos até para nossa própria compreensão - e acertar?
Seria possível que tivessem voado até nossa casa, e ao espionar, ter nos levado, a seu autor, como inspiração?
Então, pode ser que todas estas que eu escrevo agora sejam aquelas que antes lera. Que tenham, talvez, um caminho a seguir, predefinido, um destino traçado com caneta preta sobre o papel, com coordenadas de onde devem ir, por quem devem passar... E veja, para onde elas me trouxeram?
Para o mesmo lugar de onde vieram.

Um comentário:

  1. Oi, Laura! Que lindo blog! Em todos os sentidos...desde o seu designe até suas letras, suas "palavras que nos definem", mesmo que não tenham saído de nosso discurso...como tu muito bem o disseste neste belo texto que criaste. Um belo texto que fala tão bem daquelas que nos criam e recriam: as palavras...ou seriam aquele que as escreveu. O leitor decide
    Parabéns!

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