segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

As Rosas Extraviadas


Esperei-as toda a tarde. Café, chá. A parede monótona, a porta fechada. Parede monótona por um dia inteiro, parede relógio. A campainha não tocou.
E você que nem apareceu.
Datas esquecidas são tão bonitas, se opostas à lembrança que nada representa. Mas imaginei-te, em minhas mãos, amarrado por um laço de fita vermelha, tudo sorrindo.
Cena cruel - quando apenas é desejo irrealizável. Mas levou-me o dia, levou-me porque era meu dia; e agora, depois de esperar até seu fim, esperar que, em outro qualquer, apareçam.
Não vieram, mesmo assim, ficaram; e a penumbra da noite não deixa adormecer, antes de o próximo dia clarear; como que antecipando que este próximo traria, quem sabe, surpresa mais surpreendente (Era ele que antecipava, ou era o que se desejava?).
É que a expectativa perdida não se perdeu por completo, apenas ficou guardada na gaveta.
A mesma tristeza do esquecimento, que não trouxera raiva, carregara para dentro de casa, sem perceber, nova espera. A espera que será o pretexto para ter qualquer coisa de você; pretexto que preencherá a semana inteira, intercalado com as músicas, os poemas e as fotografias que lembrarmos, e que lembrarem, de alguma forma, nós dois. Espera que só termina quando arranja-se novo motivo, motivo que me aproxime de você.


Um pedaço de flor, enfim, uma pétala – talvez meia - caída no jardim, entre verdes, destacava-se. E destacou também aquele outro dia, que ganhou toda a sua cor. Assim como esperança.
Quem sabe, por acaso, por brincadeira, dúvida, charme, ou descuido, elas se perderam pelo caminho... Ainda assim, apenas uma, ao dia seguinte, fazia-se tão bela quanto, a cada hora, centenas delas.


Imagem: Paul Klee

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